Você já pensou na qualidade da comunicação na sua empresa?
Uma recente pesquisa realizada pela DMRH, empresa de consultoria em recursos humanos, revela que 47,9% dos profissionais brasileiros estão insatisfeitos com a comunicação no trabalho e 60% não entendem quais são as suas metas dentro da empresa. Um número alarmante quando entendemos que, para o profissional desenvolver-se e produzir em uma organização é muito importante que ele saiba exatamente o que faz e como sua atividade interfere no sucesso ou fracasso dos resultados da empresa. Contudo, o problema não é só esse.
De acordo com as teorias de desenvolvimento organizacional, existe uma fase na vida das empresas na qual, se seus gestores não voltarem sua atenção para as pessoas, a organização corre o risco de desacelerar ou estagnar seu crescimento. Considero que “se ater às pessoas” envolve a forma como a organização se comunica com as mesmas e como promove a comunicação entre estas. Dentro deste cenário, considero alguns pontos importantes.
Integração. É uma palavra muito comum no ambiente empresarial que significa a “ação de inteirar”. No contexto de empresa, entendo que inteirar é deixar uma pessoa a par das características estruturais, humanas e estratégicas da empresa e tornar a empresa consciente da presença e características dessa pessoa. Um conhecimento mútuo. Dessa forma, a integração deve possibilitar que o funcionário obtenha informações importantes para seu trabalho, tais como a missão (o que a empresa faz) e a visão (o que a empresa quer para o futuro). Quando estas informações são transmitidas de maneira clara para o trabalhador, este tem a possibilidade de fazer paralelos entre sua atividade e as possibilidades de resultado da empresa e suas oportunidades de crescimento. Além disso, a empresa deve, constantemente, alimentar essa pessoa com informações relevantes para o desempenho de suas atividades. Desta forma, proporciona-se aumento da produtividade, motivação para o trabalho e sensação de segurança.
Cabe á empresa também fornecer informações sobre a correlação de atividades dentro do organograma da empresa para o cumprimento de objetivos empresariais – informações sobre a especificidade das atividades de todas as pessoas e como a atividade de um funcionário interfere nas demais. Desta maneira, a organização favorece a cooperação consciente entre as pessoas. Uma colabora com a outra, pois tem consciência da importância disso no contexto geral da corporação.
Um outro aspecto importante em relação à comunicação são os retornos. Vejo dois aspectos importantes aqui. Um deles são os retornos diários às solicitações e ideias dos funcionários. Parece algo simples, mas é um ponto deficitário em muitas organizações. Outro aspecto é a prática de informar o colaborador sobre seu desempenho e propiciar alternativas de melhoria dos seus pontos falhos – o tão comentado feedback. Quando esta ferramenta de comunicação é utilizada de forma adequada pelos gestores, propicia o desenvolvimento direcionado das pessoas e melhor desempenho das equipes. Contudo, nestes anos de consultoria, percebo que este também é um ponto falho em muitas organizações, pois em algumas a prática de feedback é inexistente e em outras não é praticada de forma construtiva.
Em relação à comunicação, acredito também que a corporação deve abrir-se para ouvir o conhecimento de seus colaboradores e obter destes informações importantes para planejar e inovar. O nível operacional de uma empresa obtém informações valiosas sobre problemas com processos, conhecimento das necessidades dos clientes, possibilidades de melhorias e soluções. Contudo, o nível estratégico pode perder – e quase sempre perde – a oportunidade de obter essas informações, pois muitas vezes encontra-se distante do nível operacional. Para inovar, cabe á empresa criar programa de sugestões e desenvolver grupos de geração de ideias, favorecendo a livre expressão dos funcionários.
Por último, cabe á corporação propiciar o desenvolvimento do potencial comunicativo de suas pessoas, ou seja, estimular a expressão de ideias de modo claro, com a utilização de técnicas específicas para cada situação, garantindo o entendimento das mensagens pelos demais membros da organização. Entende-se por habilidades de comunicação a capacidade de saber dialogar, perguntar, expressar-se com clareza e assertividade, saber disseminar informações para o grupo de trabalho, conduzir reuniões, dar e receber feedback, persuadir, convencer e ouvir com eficácia. Através do desenvolvimento dessas habilidades, a empresa favorece a transmissão de informações de maneira fluente, objetiva e eficaz.
Quando os pontos abordados aqui são desenvolvidos de maneira a gerar hábitos nos funcionários e equipes, os benefícios são muitos: eficiência, assertividade, clima organizacional favorável, satisfação do cliente, aumento da produtividade e imagem positiva da empresa.
Nos últimos anos, tem-se cada vez mais reconhecido que o público interno é importante para a construção de uma organização sólida e perene. Os trabalhadores de uma corporação podem ser verdadeiros colaboradores para a empresa ou, se pouco direcionados, prejudicar a mesma. A falta de motivação de equipes pode levar a empresa a diminuir sua produtividade e perder competitividade no mercado. Em conseqüência disso, é necessário que a comunicação com o público interno seja ferramenta estratégica em uma organização, favorecendo ambientes produtivos, clientes satisfeitos e possibilitando a troca de informações relevantes para a organização desempenhar sua missão e crescer.
Por: Maria Cecília de Lima é Coach e Consultora de Comunicação Profissional e Empresarial
Fonte: http://www.comunicacaoemfoco.com.br/categoria/1-Gestao_de_Pessoas/artigo:9/O_Papel_da_Comunicacao_na_Gestao_de_Pessoas